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27 agosto 2007

O dinheiro e o cérebro


A massa cinzenta do cérebro e o dinheiro estão muito mais ligados do que era imaginado, segundo os especialistas em Economia, Psicologia e Neurologia, que agora estão juntando esforços para entender, por exemplo, por que abrimos a carteira ou decidimos assinar um cheque.


Perder dinheiro durante em uma aposta ativa uma área do cérebro associada com as respostas diante do medo e da dor, segundo um estudo da organização britânica Wellcome Truste.


Os pesquisadores estudaram 24 pessoas sem problemas de saúde enquanto jogavam para ganhar dinheiro e registraram suas atividades cerebrais durante a partida por meio de imagens de ressonância magnética funcional (IRMf), um sistema utilizado para o diagnóstico de transtornos neurológicos, e que permite captar a mais leve modificação na atividade do cérebro.


Desse modo, descobriram que os participantes do estudo aprenderam a pressagiar com precisão as ocasiões em que tinham uma oportunidade de ganhar ou perder dinheiro, e que essa aprendizagem se localiza em uma região cerebral denominada corpo estriado.


Além disso, encontraram semelhanças entre a resposta às perdas econômicas e um sistema neuronal já identificado que está relacionado com a resposta aos estímulos dolorosos, o que permite ao cérebro prever um dano iminente e tomar ações defensivas num instante.


Segundo os pesquisadores, estes trabalhos poderão ser aplicados, entre outros campos, no estudo da dependência patológica aos jogos de azar, e já podem fornecer explicações de porquê algumas pessoas jogam mais que outras, ou se tornam viciadas em apostas


Perdas, lucros e neurônios
Outra pesquisa realizada por especialistas da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, sugere que a capacidade de frustração é adquirida neurologicamente com o passar do tempo, e que a maturidade e o funcionamento cerebral "trabalham em equipe" para que a pessoa "aprenda a perder".
Antes deste trabalho, publicado na revista "Nature Neuroscience", outras pesquisas tinham identificado a participação do corpo estriado cerebral no processamento das recompensas, mas agora se acaba de descobrir que o funcionamento desta área também depende da idade.


Os especialistas acreditam que as pessoas jovens e mais velhas encaram o lucro e as perdas econômicas de forma diferente no momento de tomar decisões.


A pesquisa revelou que, aparentemente, os adultos mais velhos apresentam uma resposta inferior perante as perdas, mas não diante do lucro, em comparação com as pessoas nos primeiros anos de sua vida adulta.


Por outro lado, os adultos jovens e mais velhos apresentavam uma resposta positiva similar perante a possibilidade de um ganho iminente.


Os cientistas de Stanford compararam um grupo de pessoas de 19 a 27 anos com outros participantes de mais de 65 anos, enquanto desenvolviam uma atividade na qual contemplavam a possibilidade de obter uma recompensa econômica ou evitar uma quebra, e seu cérebro era analisado com um scanner IRMf.


Em ambos os grupos também foi avaliada a resposta positiva ou negativa perante um possível ganho ou perda de dinheiro.


Segundo o pesquisador italiano Giorgio Coricelli, do Centro de Neurociências Cognitivas da Universidade de Lyon, na França, "os economistas começam a utilizar as ferramentas da neurologia, como a IRMf, para observar quais são as áreas do cérebro que são ativadas segundo os comportamentos econômicos".


Com isso, espera-se entender os compradores compulsivos ou vaticinar o comportamento dos mercados financeiros.


Algumas pesquisas que contaram com a participação de Coricelli determinaram que no momento do arrependimento se ativa uma área cerebral situada na crosta órbita-frontal, atrás dos olhos.


Em economia, o arrependimento é importante, porque implica pensar nas conseqüências de uma decisão.
Por Daniel Galilea